20 de agosto de 2012

Mas se ele vier, que coisa linda, que coisa louca...

Já tive um filho, escrevi um livro, estive em três países, me divorciei. Tomei o primeiro porre, já fui ruiva, aprendi alemão. Mudei de profissão e tive um, dois, três cachorros. Parei na delegacia por causa alheia, evitei um acidente, escrevi quatro, cinco... muitas cartas de amor. Vivi alguns amores, chorei por todos eles, mas fui eu quem bateu a porta.

Deixei de ver a sua vida acontecer, para ter o cuidado de recolher cada imagem, cada rosto... mas eu sinto mesmo a falta é de me enxergar nas suas pupilas. Estar dentro do seu olhar, pro coração não bater por hábito, e sim, por puro prazer...

Deixei de ver sua vida acontecer, pra cuidar de viver histórias, peripécias e poder contá-las quando você chegar... Atrasado, como sempre. Dessa vez, não espera muito tempo pra dar vida a quem precisa. A quem empina o nariz para o mundo, mas escreve qualquer coisa sentada no banco de uma praça, como a pessoa mais solitária do mundo.

Vem enquanto é tempo da gente viajar para o Japão, assistir os filmes que estão para serem lançados... rir da vida alheia, de nós mesmos. Chega enquanto o corpo é firme, enquanto sei falar de amor e meus cabelos são compridos. Vem enquanto estou sóbria, e a vida não tirou esse meu jeito de sair acreditando em quase tudo, em quase todos...

Chega cedo, porque tardar pra viver é feito gente que anda de ônibus reclamando da vida, escutando funk e usando crocs...

Chega... e quando os meus braços alcançarem sua distância... (...) isso é tema pra outro texto.

3 de agosto de 2012

Tive um vizinho que gritava com a namorada ao telefone, sem se importar que o prédio inteiro ouvisse: “Não sei o que fazer! Fico mal contigo e fico mal sentigo!”. Sempre achei essa situação desoladora, e nem estou falando do português do sujeito. É duro ter apenas duas alternativas (ficar ou ir embora) e ambas serem terríveis.


Martha Medeiros